A audiência pública sobre os direitos da população LGBTQIAPN+, realizada nesta terça-feira (19) na Câmara Municipal de Campina Grande, foi marcada por um episódio de desrespeito e tentativa de tumulto. Três figuras ligadas a setores conservadores invadiram o plenário e, de início, se recusaram a deixar o espaço, numa clara ação para deslegitimar a atividade.

A vereadora Jô Oliveira (PCdoB), propositora da audiência, reagiu de forma firme à postura antidemocrática dos manifestantes. Em sua fala, Jô ressaltou que não era a primeira vez que setores conservadores tentavam silenciar debates importantes para as minorias sociais, mas destacou que dessa vez a situação foi ainda mais grave.

“Eles só têm essa coragem porque foi uma mulher preta que chamou a audiência. Quando é um homem branco quem convoca, eles não têm a mesma postura, não têm essa coragem. Isso precisa ser dito, porque o racismo atravessa até mesmo os espaços institucionais e a forma como nos tratam”, afirmou a vereadora.

A fala repercutiu entre os presentes e evidenciou como, além da luta por direitos da população LGBTQIAPN+, também é necessário enfrentar as violências raciais e de gênero que se expressam no cotidiano da política.

Para Jô Oliveira, as tentativas de intimidação não vão barrar o avanço do debate sobre diversidade, respeito e igualdade: “Nossa luta é por dignidade e por vida, e não aceitaremos retrocessos nem intimidações. Estaremos sempre ao lado do povo e das causas que defendemos”, completou.

O Portal Atual PB optou por não divulgar a imagem e a fala das três figuras conservadoras.

Munidos de informações falsas, figuras tentavam ligar o comunismo a ditaduras teocráticas

Entre os invasores estava um pastor que chegou a relacionar a esquerda a ditaduras e, pasmem, afirmou que o Irã seria uma “ditadura de esquerda” que matava a população LGBTQIAPN+. Uma das pessoas presentes destacou a incoerência dessas declarações e questionou por que essas mesmas pessoas não têm coragem de levar tais afrontas para países que tanto veneram, como Israel.

“Quero ver se eles teriam coragem de invadir uma casa legislativa em Israel, interromper os trabalhos legislativos da casa para falar do Jesus Cristo deles. A reação lá seria bem diferente, e certamente muito mais violenta”, afirmou um dos convidados.