Os avanços econômicos recentes, como o crescimento de 3,5% do PIB e a criação de 1,7 milhão de empregos formais, trouxeram resultados positivos para o mercado de trabalho em 2024. No entanto, as desigualdades de gênero continuam marcando a realidade das mulheres no Brasil, segundo dados do Dieese.

Dados comprovam disparidade ocupacional e salarial entre homens e mulheres:

Mesmo com a queda do desemprego e o aumento da massa salarial, as mulheres seguem enfrentando maiores dificuldades para se inserir no mercado de trabalho. A taxa de desocupação feminina no terceiro trimestre de 2024 foi de 7,7%, enquanto a dos homens ficou em 5,3%. Quando se trata de mulheres negras, a situação é ainda mais grave: a taxa de desocupação chegou a 9,3%, quase o dobro da registrada entre homens não negros (4,4%).

Outro dado importante é que as mulheres ultrapassaram os homens na chefia dos lares desde 2022, sendo responsáveis por 52% dos domicílios brasileiros. Nos lares monoparentais, ou seja, aqueles em que apenas um adulto vive com os filhos, 92% têm a liderança feminina.

Ainda assim, a sobrecarga de tarefas domésticas e de cuidado continua afetando a participação feminina no mercado. Cerca de 13 milhões de mulheres afirmaram que não estavam aptas a trabalhar porque precisavam cuidar da casa, dos filhos ou de outros parentes — número que representa 31% das mulheres fora da força de trabalho. Entre os homens, apenas 3% mencionaram a mesma razão para não estarem empregados.

A desigualdade salarial também persiste. Enquanto um terço (37%) das mulheres ocupadas recebia até um salário mínimo, os homens estavam mais concentrados nas faixas salariais superiores. Nos cargos de direção, a diferença é ainda mais alarmante: diretoras e gerentes mulheres ganhavam, em média, R$ 6.798, enquanto seus colegas homens recebiam R$ 10.126 — uma disparidade mensal de R$ 3.328, o que significa R$ 40 mil a menos ao longo de um ano.

A Lei de Igualdade Salarial comprovou pequeno avanço:

A Lei de Igualdade Salarial entre Homens e Mulheres (Lei 14.611/2023) foi sancionada em novembro de 2023, mas seus efeitos começaram a ser sentidos somente em 2024, com a obrigatoriedade de divulgação do Relatório de Transparência Salarial para empresas com mais de 100 empregados. Apesar desse avanço, os dados mostram que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que mulheres e homens tenham os mesmos direitos e oportunidades.

No Dia Internacional da Mulher, essas estatísticas reforçam a necessidade de continuar lutando por justiça social, equidade de gênero e condições dignas para todas as trabalhadoras.