Moraes: “Não há dúvidas da tentativa de golpe”
O ministro Alexandre de Moraes foi o primeiro a votar no julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) e se posicionou de forma contundente pela condenação de Jair Bolsonaro a 43 anos de prisão. O magistrado classificou o ex-presidente como “líder de uma organização criminosa” que tentou atacar a democracia brasileira.
Durante a leitura do voto, Moraes afirmou que não restam dúvidas sobre a tentativa de ruptura democrática. Segundo ele, o que se discute neste julgamento não é a existência do golpe — fato já comprovado pelas investigações —, mas sim a participação de cada réu na autoria dos crimes.
Provas contra Bolsonaro e seus aliados
O ministro apresentou como prova documentos com anotações do ex-diretor da Abin e atual deputado federal, Alexandre Ramagem. O material trazia argumentos contra o sistema eletrônico de votação, posteriormente repetidos por Bolsonaro em uma live. Para Moraes, há uma “convergência total” entre os documentos, a transmissão do ex-presidente e até registros no diário do general Augusto Heleno, outro réu no processo.
A defesa de Ramagem alegou que se tratava de anotações particulares, mas Moraes refutou: “As provas mostram que os tópicos eram direcionados a Jair Bolsonaro, que é tratado na terceira pessoa”.
Além disso, o magistrado lembrou que as defesas tiveram acesso por cinco meses a todas as provas e, mesmo assim, não apresentaram nenhum documento ou gravação relevante para sustentar suas teses.
Organização criminosa e ataque às instituições
Moraes reforçou que houve organização criminosa armada, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e danos ao patrimônio público durante os atos golpistas. Em sua fala, destacou a covardia e a traição contra as instituições brasileiras:
“Houve uma organização criminosa que, de forma jamais vista em nosso país, tentou coagir o Judiciário e submeter a Corte aos interesses de outro Estado estrangeiro.”
O início do acerto de contas
O voto de Moraes, que pede a condenação de Bolsonaro a 43 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, marca o início de uma das fases mais decisivas da história democrática brasileira. Até sexta-feira (5), o Supremo deve concluir o julgamento que envolve o ex-presidente e outros sete aliados acusados de arquitetar o plano golpista.
O processo é considerado um acerto de contas com um dos períodos mais sombrios da democracia brasileira, e a posição firme de Moraes sinaliza que não haverá espaço para a impunidade.
Entenda o julgamento de Bolsonaro e seus aliados.