O general do Exército Mário Fernandes, um dos réus no processo da trama golpista investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), prestou depoimento nesta quinta-feira (24) e afirmou ter visitado o acampamento em frente ao QG do Exército, em Brasília, como “cidadão”. O local foi um dos polos de mobilização após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.
Preso desde novembro de 2024, Fernandes foi ouvido por videoconferência como parte do núcleo 2 da ação penal, grupo que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), articulava medidas para manter Bolsonaro no poder de forma ilegal.
“As vezes que eu fui no QG, fui como cidadão, vendo que era importante para o brasileiro apresentar suas demandas sociais e políticas”, disse o general ao juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação.
General Mário Fernandes e o plano “Punhal Verde e Amarelo”
O general também confirmou a impressão de um documento de Word intitulado “Punhal Verde e Amarelo” dentro do Palácio do Planalto. O plano, segundo a PGR, previa ações extremas como sequestro ou homicídio de autoridades, entre elas o próprio ministro Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Apesar de confirmar que ordenou a impressão do plano por seu chefe de gabinete, Fernandes negou qualquer intenção de apresentá-lo ao então presidente Bolsonaro. Segundo ele, o material seria entregue ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na época comandado pelo general Augusto Heleno, também réu no processo.
“A determinação foi minha. Pedi seis cópias para apresentar ao GSI. Era um documento de assessoramento, não era para o presidente Bolsonaro”, alegou Fernandes.
Defesa dos acampados e críticas à narrativa golpista
Em outro trecho do interrogatório, o general defendeu os manifestantes acampados, minimizando a acusação de golpe.
“Chamar todos os que estavam lá de golpistas é um erro. Muitos estavam reunidos por patriotismo, outros apenas conversando sobre política”, argumentou.
O julgamento se aproxima
O interrogatório dos réus do núcleo 2 da trama golpista marca uma das últimas etapas da ação penal. A expectativa é que o julgamento ocorra no segundo semestre de 2025.
Já o núcleo 1, que tem como principal réu o ex-presidente Jair Bolsonaro, já está na fase de alegações finais e deve ser julgado em setembro.
Com informações da Agência Brasil.