O Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu, nesta quarta-feira (12), uma notícia de fato para investigar um suposto caso de negligência médica que pode ter causado a morte de um bebê e a retirada do útero da gestante, no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), conhecido como Materdinade, em Campina Grande.

O procedimento foi iniciado pela promotora Adriana Amorim, tendo como alvos a Secretaria de Saúde de Campina Grande e a maternidade onde o parto ocorreu.

Entenda o caso

De acordo com o pai da criança, Jorge Elô, sua esposa deu entrada no Isea no dia 27 de fevereiro. No dia seguinte, exames indicaram que um parto vaginal era viável, e a equipe médica iniciou a indução com comprimidos intravaginais.

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 Na madrugada do dia 1º de março, o médico de plantão substituiu a medicação por uma intravenosa, o que intensificou as contrações. Por volta das 6h, duas enfermeiras constataram que a cabeça do bebê já estava coroada. Nesse momento, segundo o relato do pai, uma das profissionais aumentou a dosagem do medicamento sem consultar o médico.

A mãe começou a vomitar e tremer, mas a equipe teria minimizado os sintomas. O trabalho de parto parou de evoluir, e as profissionais teriam responsabilizado a gestante pela situação. Minutos depois, ela desmaiou e foi levada às pressas para a cirurgia, onde o bebê nasceu sem vida e o útero da mulher precisou ser retirado.

Investigação em andamento

A promotora Adriana Amorim afirmou à TV Paraíba que a investigação foi motivada por uma publicação feita pelo pai da criança em redes sociais e por notícias da imprensa local. Até o momento, o MPPB não foi procurado pela família ou pela polícia.

A Secretaria de Saúde de Campina Grande informou, na terça-feira (11), que abriu uma sindicância para apurar o caso e determinou o afastamento de um médico. Outros profissionais envolvidos devem ser afastados em até 48 horas.

A Polícia Civil, sob a responsabilidade do delegado Rafael Pedrosa, está conduzindo a investigação, que incluirá depoimentos de testemunhas e resultados de laudos periciais, como exames no corpo do bebê, exame toxicológico, laudo de lesões corporais na mãe e análise do útero removido.

O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) foi notificado pela polícia, mas informou que ainda não recebeu a notificação oficial.

Estado de saúde da mãe

Na madrugada desta quarta-feira, a mulher foi internada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) devido a fortes dores abdominais. Segundo a direção da UPA, seu estado de saúde é estável, e ela aguarda uma vaga em um hospital público para receber atendimento especializado.

Repercussão

Em entrevista à rádio CBN João Pessoa, Jorge Elô manifestou sua revolta e tristeza. Ele destacou a gravidade do ocorrido, afirmando que a retirada do útero da esposa dificulta a possibilidade de um novo sonho de maternidade. "Ainda não consegui viver meu luto, estou tentando ser forte para cuidar dela e buscar justiça", disse.

A investigação segue em andamento, e novas informações devem ser divulgadas conforme o caso avança.