A morte de um bebê durante o parto na maternidade Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande, está sendo investigada pela Polícia Civil. Segundo a denúncia feita pelo pai da criança, Jorge Elô, nas redes sociais, a mãe do bebê recebeu uma superdosagem de um medicamento para induzir o parto, o que resultou em complicações graves, incluindo a retirada do útero da gestante. A violência obstétrica está sendo investigada. 

O caso:

De acordo com Jorge Elô, sua esposa deu entrada no ISEA no dia 27 de fevereiro. Na manhã seguinte, a equipe médica iniciou a indução ao parto com comprimidos intravaginais, já que exames apontaram a viabilidade de um parto normal. Ainda conforme o relato, o médico que acompanhava o pré-natal da gestante estava de plantão naquela noite e, durante a madrugada do dia 1º de março, ele substituiu a medicação por uma intravenosa, intensificando as contrações.

A situação se agravou ao amanhecer. Segundo Jorge, duas enfermeiras atenderam sua esposa por volta das 6h. Uma delas constatou que a cabeça do bebê já estava coroada, enquanto a outra teria aumentado a dosagem da medicação sem consultar o médico. “Ela começou a vomitar e a tremer de frio. Ao procurarmos ajuda, ouvimos que era ‘normal’. Desesperada, [a vítima] implorou para não ficar sozinha, mas as profissionais a abandonaram, alegando ter outras gestantes para atender”, afirmou.

Ainda conforme o relato, o trabalho de parto parou de evoluir, e as profissionais teriam culpado Danielle por não “colaborar”. Minutos depois, forçaram a mulher a fazer força, momento em que ela desmaiou e ficou sem pulso. Foi então que a levaram às pressas para uma cesárea.

Revolta

Em entrevista à rádio CBN João Pessoa, Jorge contou que ficou sem notícias após sua esposa ser levada à sala de cirurgia. Ao entrar no local, viu a equipe médica retirando o bebê já sem vida e segurando o útero da mãe. “O médico me entregou o órgão para eu fazer a biópsia do útero e explicou que nunca tinha visto um rompimento daquela forma", relatou.

“Eu estou revoltado, estou com muito ódio, mas, ao mesmo tempo, estou tendo acolhimento de familiares e amigos. A retirada do útero dela dificultou a realização desse sonho novamente. Eles fizeram algo muito grave com a gente. Eu ainda não consegui viver meu luto e entender, sentir. O tempo todo, estou tentando ser forte para cuidar dela, denunciar e conseguir responsabilizar todo mundo envolvido”, desabafou Jorge Elô.

Medidas

A Secretaria de Saúde de Campina Grande informou que abrirá uma sindicância para investigar o caso. O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) e o Ministério Público da Paraíba (MPPB) afirmaram que só irão se manifestar após o recebimento de uma denúncia formal.

O delegado Rafael Pedrosa, responsável pela investigação, explicou que serão colhidos depoimentos de testemunhas e aguardados os resultados dos laudos periciais, incluindo exames no corpo do recém-nascido, exame toxicológico, exame de lesão corporal na mãe e análise pericial do útero, que foi entregue separadamente.

Veja na íntegra a denúncia realizada por Jorge Elô em seu Instagram