A audiência pública realizada nesta terça-feira (8), na Câmara Municipal de Campina Grande, escancarou as denúncias de violência obstétrica, negligência médica, falta de diálogo entre os entes públicos e um sistema de saúde em colapso. A iniciativa da vereadora Jô Oliveira (PCdoB) teve como objetivo principal debater a violência obstétrica, a redução da mortalidade materna e a saúde da mulher, e aconteceu em sintonia com o Dia Internacional da Saúde (7 de abril).
O momento foi marcado por relatos emocionantes de familiares de vítimas — mães e bebês que perderam a vida em decorrência do descaso no atendimento obstétrico, especialmente no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA). O evento, que deveria unir forças por soluções, acabou evidenciando uma tentativa frustrada da bancada de situação de blindar a gestão municipal.
Situação expõe ainda mais o caos na Saúde Pública de Campina Grande
Funcionários do ISEA presentes tentaram defender a instituição, mas acabaram reconhecendo publicamente falhas graves, como carga horária exaustiva dos profissionais, falta de infraestrutura, ausência de recursos e, surpreendentemente, admitiram que a Prefeitura sequer havia feito pedido de socorro ao governador João Azevedo. A declaração foi usada como tentativa de justificar o caos, mas evidenciou a falta de diálogo entre Prefeitura e Governo do Estado.
Diante da revelação, a deputada estadual Cida Ramos (PT) convocou os vereadores de situação a exigirem do prefeito Bruno Cunha Lima uma reunião com o governador, além da bancada federal e estadual, para buscar soluções concretas.
“Quem continua em palanque não somos nós”, diz Jô Oliveira
Incomodada com a tentativa da bancada de situação de partidarizar o debate, a vereadora Jô Oliveira fez um discurso firme:
“Perguntou-se por que esses relatos só aparecem nas redes sociais ou no palanque. E eu escuto isso com muita indignação. Temos aqui familiares presentes e há uma diferença significativa entre palanque, que é meramente eleitoral, e tribuna, como espaço de fala na Casa do Povo. Comecei essa sessão ouvindo falar sobre equilíbrio, mas não tem como manter o equilíbrio diante de uma declaração infeliz. Quem continua em palanque não é essa casa. Não somos os vereadores e vereadoras.”
Jô também lembrou que, no mesmo dia em que o corpo de Danielle era velado, o prefeito marcou uma coletiva de imprensa e, de forma antiética, estava de posse do prontuário da vítima, que nem a família ainda tinha acesso. Durante a entrevista, divulgou dados sigilosos da paciente em rede aberta, violando não apenas a ética, mas os direitos da família.